quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A Raposa e o Principe ( M ) !


Estou postando este texto por fazer parte deste momento, ontem conversando sobre o referido texto me deu muita vontade de encontrar este trecho do livro o Pequeno Principe.

E foi então que apareceu a raposa:
-Bom dia – disse a raposa.
-Bom dia – respondeu educadamente o pequeno príncipe que, olhando a sua volta, nada viu.
-Eu estou aqui – disse a voz – debaixo da macieira…
-Quem és tu? – perguntou o principezinho – tu és tão bonita!
-Sou uma raposa – disse a raposa.
-Vem brincar comigo – propôs ele. – Estou tão triste…
-Eu não posso brincar contigo – disse a raposa – Não me cativaram ainda.
-Ah! Desculpa. – Disse o principezinho
Mas após refletir, acrescentou:
-Que quer dizer “cativar”?
-Tu não és daqui – disse a raposa. – Que procuras?
-Procuro os homens – disse o pequeno príncipe – Que quer dizer “cativar”?
-Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
-Não. Eu procuro amigos. –disse o príncipe. – Que quer dizer “cativar”?
-É algo quase sempre esquecido. – disse a raposa. – Significa “criar laços.”
-Criar laços?
-Exatamente. – disse a raposa. – Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a ti uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo.
-Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor… eu creio que ela me cativou…
-É possível – disse a raposa – vê-se tanta coisa na Terra…
-Oh! Não foi na Terra – disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
-Num outro planeta?
-Sim.
-Há caçadores neste planeta?
-Não.
-Que bom! E galinhas?
-Também não.
-Nada é perfeito.
Mas a raposa retomou seu raciocínio.
-Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas, se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos d etrigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo…
A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
-Por favor… cativa-me! – disse ela.
Eu até gostaria – disse o principezinho – mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
-A gente só conhece bem as coisas que cativou. – disse a raposa – Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
-Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.
-É preciso ser paciente – respondeu a raposa. – Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas, cada dia, te sentarás mais perto…
No dia seguinte o principezinho voltou.
-Teria sido melhor se voltasse à mesma hora – disse a raposa – Se tu vens, por exemplo, as 4 horas, desde as três eu começarei a ser feliz. Às 4 horas, então, estarei inquieta eagitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar meu coração… é preciso que haja um ritual.
-Que é um “ritual”? – perguntou o principezinho.
-É uma coisa muito esquecida também. – disse a raposa – E o que faz com que um dia seja diferente dos outros dias; uma hora, das outras horas. Os meus caçadores, por exemplo, adotam um ritual. Dançam na quinta-feira com as moças da aldeia. A quinta-feira é então o dia maravilhoso! Vou passear até a vinha. Se os caçadores dançassem em qualquer dia, os dias seriam todos iguais e eu não teria férias!
Assim, o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando cehgou a hora da partida, a raposa disse:
-Ah, eu vou chorar.
-A culpa é tua – disse o principezinho – Eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse…
-Quis. – disse a raposa.
-Mas tu vais chorar! – disse ele.
-Vou. – disse a raposa.
-Então, não terás ganho nada!
-Terei, sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo. Depois, ela acrescentou: – Vai rever as rosas, assim compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás e eu te presentearei com um segredo.
O pequeno príncipe foi rever as rosas:
-Vós não sois absolutamente iguais à minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativastes a ninguém. Sois como era minha raposa. Era uma raposa igual a cem mil outras. Mas eu a tornei minha amiga. Agora ela é única no mundo.
E as rosas ficaram desapontadas.
-Sois belas, mas vazias – continuou ele – Não se pode morrer por vós. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que matei as larvas (exceto uma ou duas, por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa.
E então, voltou à raposa:
-Adeus… – disse ele…
-Adeus – disse a raposa. – Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos. – repetiu ele, para não esquecer.
-Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com minha rosa… –repetiu ele, para não se esquecer.
-Os homens esqueceram essa verdade – disse ainda a raposa. – Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela tua rosa…
-Eu sou responsável pela minha rosa… – Repetiu o principezinho, para não esquecer.

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